quinta-feira, 18 de junho de 2009

Crise na pregação#1 - Pregação Humanizada


crise na pregaçãoA pregação contemporânea tem se destacado pela importância dada ao homem. As mudanças em nossa época são perceptíveis: por exemplo, nunca se pensou tanto em conforto nas igrejas, em templos grandiosos, em estruturas de marketing e lazer. As igrejas passaram a oferecer um “cardápio” para agradar a todos, e elas tem mudado sua própria estrutura para atrair mais “consumidores”. Nunca se investiu tanto em eventos e atividades sociais como hoje. As pessoas passaram a ser tratadas como espectadores de um “show que não pode parar”.

Como a quantidade de pessoas na igreja é o que tem importado, bem como o retorno financeiro de seus dízimos e ofertas e a aparência social (uma busca pela aceitação secular), os pregadores também se “contextualizaram” a esse novo foco. Não é que esses pregadores tenham se tornado mais sensíveis às carências e necessidades do ser humano integral em seu afastamento de Deus. Eles simplesmente mudaram o eixo de sua pregação, transformando seus sermões num discurso suavizador das necessidades humanas. A visão teocêntrica foi substituída pela visão antropocêntrica. E o pior é que, fazendo isso, esses pregadores trazem para si o papel de mediadores entre o povo e Deus. Podemos ver isto nas palavras de R. R. Soares, no seu livro “Vencer: O Que, Onde e Como?”:

Paralíticos, cegos, mudos, leprosos e endemoninhados têm ficado curados, muitas vezes instantaneamente, após a oração da fé. Nossos programas no rádio e na televisão sempre apresentam testemunhos de milagres que estão acontecendo através do nosso ministério. Milhares de cartas nos chegam de toda parte contando com casos de pessoas abençoadas por meio de nossa oração.”

Ao invés de centralizar suas pregações em Cristo e Sua cruz, estes pregadores se alicerçam nas bênçãos que podemos adquirir. Com esta visão Deus deixa de ser o Senhor para ser o servo. Como Soares diz:

É a oração de quem sabe o que diz a Palavra de Deus, e assim fica absolutamente positivo que Deus ouviu sua oração, e sabe que Deus fica obrigado, por Sua própria aliança, a responder e manifestar os resultados pedidos. Isso Deus pode fazer de forma instantânea ou gradual. Mas uma coisa é certa: Deus responderá à oração da fé.”

Seus sermões não tem por objetivo a transformação dos seus ouvintes pela Palavra de Deus. Sua própria teologia e o modo como lêem a Bíblia são humanistas, como podemos perceber com a leitura de alguns de seus livros. A teologia que predomina hoje é a da prosperidade, as pessoas deixam de cultuar a Deus pelo que Ele é, para cultua-lO pelo que Ele pode dar. Soares, no seu livro “Como Tomar Posse da Bênção”, diz:

Era um quadro triste e deprimente. Eu, um pregador de milagres, acostumado a ver até paralíticos e cegos curados através das minhas orações, não conseguia a minha cura.

Sendo assim, uma das marcas deixadas por esta pregação é a falta de reverência e de compromisso com Deus. Se as pessoas escutam que “… não precisamos pedir ao Senhor a bênção, e sim, exigir que ela se manifeste em nossa vida”, que basta cobrar de Deus e esperar, então o Senhor deixou de ser adorado, para ser simplesmente cobrado. Frases como: “Não precisamos mais pedir. Só determinar, exigir, ou seja: tomar posse da benção”, são comuns hoje, e apontam para o perigo desse tipo de pregação que coloca o homem num patamar em que ele nunca esteve. Ainda distorcem a própria Bíblia, fazendo a mentira passar por verdade, como no comentário deste pregador que tem a sua verdade como correta: “As pessoas estão saturadas de tantos ensinamentos de homens. Agora precisam aprender o real significado da Palavra de Deus”.

Uma das palavras mais usadas nestes púlpitos é a palavra “vitória”. Não que ela tenha alguma coisa de mal, pois em Cristo somos “mais que vencedores” (Rm 8:37). Mas o apelo e as distorções implícitas na frase são perigosos. O que se prega é que o crente tem de vencer sempre, que, se ele é derrotado, é porque, ou não tem fé, ou está em pecado.

Milhares de pessoas estão aprendendo a exigir a bênção. Estão vivendo bem, curadas, prósperas e desfrutando da plenitude das bênçãos do Senhor. O mesmo pode e deve ocorrer em sua vida também. Só depende de você.”

Essa pregação humanizada distancia o crente de Deus, e tira dele suas responsabilidades de servo. Ela ainda distorce os direitos que Deus deu para aqueles que são Seus por distorcer a própria Bíblia. Ela cria crentes sem certeza de salvação, sem preocupação com o “Ide” e sem um conhecimento coerente da Palavra. É uma pregação sem compromisso para com Deus e, infelizmente, ela tem servido para secularizar a Igreja evangélica e dar mau testemunho para os de fora.

Deus te abençoe!

Lyncoln Napoleão Nicodemos

Obs:As citações são tiradas dos livros:

R. R. SOARES, Vencer; O Que, Onde e Como?

R. R. SOARES, Como Tomar Posse da Bênção

Fonte: Crer e Pensar

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