sábado, 31 de outubro de 2009

Tentativa de Suicídio no Centro de Recuperação


Estava quase cochilando, depois do almoço de domingo, quando Ernanio ligou despertando-me imediatamente:   -"Pastor, o Ledir tomou veneno!".

Acho que era por volta do ano de 2002, na cidade de Cacoal, em Rondônia, região conhecida como "Amazônia Legal". Eu dirigia os programas terapêuticos da Fundação Vida Nova, uma entidade filantrópica que existia pela graça de Deus através do amor, trabalho e sustento de Credival e Raquel Carvalho, um casal de médicos, autênticos cristãos a serviço do Reino de Deus.
O centro de recuperação era na saida da cidade, já zona rural. As condições eram precárias, a estrutura deficiente e os recursos escassos. Apesar de já haver sido emitida uma regulamentação pela Anvisa, as comunidades terapêuticas ainda estavam em fase de adaptação e, além disso, os orgãos fiscalizadores, juízes, ministério público e até a prefeita, davam graças a Deus por existir gente como nós, que se importava, amava e sabia como fazer a recuperação, tirando das costas deles esse trabalho, feito voluntariamente e sem recursos públicos.

Ledir era viciadão; tinha 22 anos. Estivera internado conosco muitas vezes. Saia, depois de algumas semanas internação, sem concluir o programa, e retornava só de calção e alucinado, embora eu tenha dito a ele, em todas as vezes que ele saira, que nunca mais o receberia. "Conversa de pastor".
Nesta última vez que ele retornou as alucinações demoraram um pouco mais a passar. Ele havia balbuciado algumas vezes que alguém "estava tentando matá-lo" e "vou me matar". Nós, eu e os monitores, já tínhamos ouvido aquilo dele muitas vezes e não demos muita atenção.
Naquele domingo, após o almoço, Ledir passou por Ernanio, o monitor de plantão, e disse: "-Tomei veneno". Ernanio, conhecendo-o, não ia dar atenção mas sentiu o cheiro da química forte e confrontou-o imediatamente. Então saiu apressadamente em direção à casinha de ferramentas e encontrou um frasco vazio de Karatê, um piretróide, organoclorado, que não tem antídoto e imediatamente me ligou.
Apesar das condições precárias não havia desculpas para uma falha tão grande  na segurança de pessoas que não eram responsáveis por seus atos na situação em que estavam. Ninguém da equipe terapêutisa sabia da existência daquele produto e a porta da casa de ferramentas não tinha tranca.

-"Ponha o Ledir no carro e leve voando para o hospital. Te encontro lá!"

Ernanio teve o bom senso de levar o frasco vazio. Encontrei-o na portaria. Ele parecia assustado.
Entrei na sala de emergência e senti a tensão do ambiente. Havia quatro enfermeiras e o médico atendendo o Ledir; três delas tentavam segurá-lo enquanto uma fazia a lavagem estomacal. Ele era um rapaz forte apesar de usuário de drogas; foi difícil segurá-lo.
O Dr Paulo Elifas, médico de plantão, morador antigo da cidade e muito respeitado, chamou-me de lado e disse: -"O senhor pode avisar a familia e preparar-se para o pior. Estou apenas fazendo o procedimento de praxe mas isso não vai adiantar muito devido ao tipo de substância, o volume e pelo tempo que ele ingeriu. Não há mais o que fazer".
Naquele momento senti um peso enorme na alma. Confesso que não pensei somente na vida do Ledir; pensei também na repercussão que ia dar se ele morresse; pensei no processo que daria sobre a entidade e sobre mim; eu era o responsável; pensei no nome dos cristãos e da igreja, pensei no centro de recuperação fechando...o que seriam daquelas vidas. Pensei em tanta coisa...mas eu era o responsável; tinha que fazer alguma coisa!

De súbito eu disse ao médico: -"Pois o senhor faça tudo o que tem que fazer. Eu vou pra casa clamar ao meu Deus e ele mostrará que tem poder!". O Dr Paulo Elifas fez um muxôxo de indiferença; ele não cria em nada daquilo que eu disse e até eu tinha minhas dúvidas mas era o que eu sabia, podia e devia fazer.

No carro de volta pra casa eu delirava: -"O que eu fui dizer?".

Em casa clamei! Clamei e reclamei! Clamei pela minha vida,. pela do Ledir, pela obra, e até por uma provável fé futura da equipe do hospital pois eu havia dito em alto e bom som que Deus me atenderia. Esbravejei: -"...e agora eu já disse, eu já falei que O Senhor cura!".
Entreguei...eu fizera tudo que sabia e podia. Descansei. Agora era esperar.

Dois dias depois Ledir saiu andando e rindo do hospital. Tratei-o afetuosamente mas depois dei uma bronca nele pelo susto que nos deu.
O Dr Paulo Elifas hoje é convertido e diácono da Primeira Igreja Batista de Cacoal-RO.
A última noticia que tive do Ledir é a de que ele era obreiro numa casa de recuperação em Ji-paraná-RO.

Pr Julio Soder

sábado, 24 de outubro de 2009

Pisoteando o sangue dos mártires



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A igreja cristã sempre despertou sentimentos negativos nas pessoas. Desde o seu surgimento, no livro de Atos dos Apóstolos, tem sempre alguém se levanta contra ela. No episódio da conversão de Paulo vemos que aqueles que perseguem a igreja perseguem o próprio Jesus (At 9.4). O próprio Paulo lembra isso ao Coríntios em 1 Co 12:27. Os livros de história da Igreja mostram claramente que perseguições aos que servem a Cristo de verdade sempre existiram e infelizmente sempre vão existir. Aliás, 2 Timóteo 3:12 declara: “todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos”. Ser perseguido faz parte de ser cristão.
Mas essa perseguição tem várias maneiras de acontecer. Quem está familiarizado com os ministérios que trabalham com a chamada “igreja perseguida”, como Portas Abertashttp://www.portasabertas.org.br/ ou A voz do mártireshttp://www.vozdosmartires.com.br/ conhece o assunto mais de perto. Em grande parte do mundo nos dias de hoje a perseguição aos cristãos é algo real e cotidiano. Seja por motivos étnicos, políticos, teológicos ou simplesmente ódio ao nome de Cristo, pessoas são presas e mortas diariamente por causa da sua fé em Jesus. Por que isso ocorre? Porque o mundo não pode suportar a mensagem do evangelho.
Para a maioria das pessoas no Brasil, no entanto, essa questão é pouco relevante ou mesmo irrelevante. Na minha experiência dentro da igreja evangélica brasileira a maioria das pessoas acha que essas coisas não existem mais, que são experiências do passado. Muitos ainda criticam quando se fala sobre esses irmãos que sofrem por Jesus, alegando que lhes falta fé. Já ouvi alguns absurdos de pessoas que não tem noção do que realmente acontece no mundo. Parte desse desconhecimento e das críticas infundadas é por causa da teologia que parece predominar nos dias de hoje.

Com as mentiras sobre prosperidade e bênçãos constantes para todo aquele que seguir a Jesus se espalhando cada vez mais na TV e nos púlpitos, não é difícil entender porque falar de mártires é algo raro ou estranho para nós. Não é segredo que a Brasil vive um período de falta de exemplos, ausência de um herói nacional ou alguém que inspire sentimentos mais nobres no povo em geral. Isso já foi inclusive matéria de alguns jornais de revistas nos últimos anos. Seja no esporte ou na política, a impressão vigente é que não se fazem mais heróis como antigamente.

Isso também se reflete na igreja, ainda mais em uma cultura acostuma a procurar messias e esperar soluções imediatas de alguém de fora para os problemas que enfrentamos. A dura verdade é que a perseguição por causa de Cristo continua existindo e é crescente em alguns lugares do mundo. Inclusive no Brasil. No século 20, por exemplo foi registrado provavelmente o maior número de martírios da história. Esse é o argumento do livro By Their Blood: Christian Martyrs of the Twentieth Century de James C. Hefley e Marti Hefley(http://www.amazon.com/Their-Blood-Christian-Martyrs-Twentieth/dp/0801043956). Segundo esses autores dessa obra de 672 páginas a perseguição não está diminuindo, mas tende a aumentar. Usando noticias de jornais, levantamentos históricos e relatórios de agencias especializadas eles desenham um quadro em nada animador do presente e do futuro daqueles que decidiram seguir a Cristo de verdade.

Mas o mais impressionante disso é saber que essa perseguição pode ser revelada de muitas formas. Percebo que em muitos países vem surgindo há algum tempo um sentimento diferente. Basta ler o que se escreve sobre cristianismo hoje em dia, as constantes lutas declaradas entre setores da igreja que aceitam e os que rejeitam por exemplo, a homossexualidade como normal ou natural. Grandes contendas em denominações históricas vem acontecendo e tendem a continuar acontecendo. No Brasil, em especial nos blogs, podemos perceber um outro aspecto dessa divisão interna do cristianismo. Graças aos excessos, heresias e simples bobagens que são ditos em nome de Jesus, hoje em dia é fácil criticar a igreja, o corpo de Cristo. E assim as pessoas acabem confundindo o que significa realmente ser cristão e quem realmente se preocupa com a mensagem da salvação. E pior, muitas vezes as criticas surgem dentre os próprios cristãos pelo simples motivo de não se pensar da mesma maneira. Para alguns “cristãos” hoje em dia tudo aquilo que leva o nome de evangélico merece desprezo, todos os pastores são lançados na vala comum dos pilantras, aproveitadores e vigaristas e todo local que usa o nome de igreja deveria ser fechado. Alegam que está tudo errado e que deveríamos ir para outros locais louvar a Deus e acabar com a evangelização.
Embora haja muitos argumentos sólidos e motivos reais de preocupação pelo que uma minoria tem feito, essa perseguição ideológica não se sustenta. Qualquer pessoa com um mínimo de conhecimento da realidade da vida que os cristãos de países como China, Coréia do Norte e Sudão deveria sentir-se mal pelo que é dito em terras brasileiras por esses “cristãos”. Enquanto lá e em muitos outros países anseia-se pela liberdade de culto, aqui essa minoria reclama da existência das igrejas. Enquanto lá se deseja ardentemente ter acesso a literatura evangélica e material para a edificação da fé, aqui se reclama do excesso de material e se despreza tudo o que pode parecer “lavagem cerebral”. Enquanto lá seguir a Cristo ou anunciar sua vinda pode custar a vida, aqui falar sobre isso é fanatismo ou ignorância.
Não estou exagerando, tenho vivido isso. Por exemplo, dias desses fui abertamente criticado por uma pessoa de minha própria denominação porque contei que estava pregando o evangelho num local de minha cidade parecido com a antiga FEBEM, que visa a recuperação de menores infratores. Essa pessoa iniciou um discurso sobre liberdade de culto e separação entre Igreja e Estado, mas no fim apenas disse que não gostava da idéia de ver o evangelho ser “imposto”. Considerando que ela nunca esteve na prisão nem conhece a realidade dos menores que atendo posso dar um desconto. Eu sei e muitos deles admitem que precisam muito do perdão e da graça de Deus, que seus crimes e vícios tem um preço alto aos olhos da sociedade e que tudo o que mais desejam é recomeçarem suas vidas, literalmente um novo nascimento. E quem conhece a Bíblia sabe que somente o evangelho de Jesus pode oferecer isso a eles. Acabo concluindo que muitas vezes o mundo está mais preparado para ouvir o evangelho do que a igreja está pronta para anunciá-lo.
A questão toda é que a mensagem que chega na mídia quase sempre envolve um outro evangelho. Um evangelho que despreza os princípios mais básicos do cristianismo e associa igreja, pastores e evangélicos a trapaças, intolerância, desonestidade, ganância e manipulação. Fazer isso é pisotear no sangue dos mártires, pessoas em todo o mundo que ao longo da historia derramaram seu sangue por causa da mensagem de Cristo.
Enquanto em muitos países fé não pode ser dissociada da vida, aqui muitos insistem para não se misturar o “sagrado” e o “profano”. E infelizmente o sentimento crescente é o de cristãos que se voltam contra cristãos, é de um outro evangelho sendo pregado no lugar do evangelho de Cristo, é de ver aquilo que a Bíblia ensino ser substituído por experiências e opiniões pessoais. Não me iludo a própria Bíblia disse em 2 Timóteo 4:3-5 “Haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas.Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as aflições, faze o trabalho de um evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério.
Sim, o sangue dos mártires está sendo desprezado e pisoteado toda vez que o evangelho é usado para beneficiar alguém, para enriquecer algum homem ou igreja, para se anunciar algo além da salvação em Cristo. Mas o mesmo ocorre toda vez que as mesmas pessoas que deveriam estar preocupadas com isso preocupam-se apenas em criticar a liberdade que temos e aqueles que anunciam as boas novas de salvação.


Fonte: Blog dos 30




terça-feira, 20 de outubro de 2009

CURTAS & GROSSAS do Pastor - 3



 A lista de coisas que escandalizam os crentes tem uma escala de valôres, no mínimo, estranha ao Reino. Tanto os escândalos quanto as lágrimas têm sido produtos da conveniência.






Pela prática da Igreja, parece que Deus ama o pecador incondicionalmente até ele converter, depois disso, o crente, para continuar a ser amado, tem que entrar no padrãzinho de santidade da comunidade cristã...então começa o inferno de novo!



O Islamismo promove, hoje, a vingança das cruzadas. É a nossa hora de morrer...cristão bom é cristão morto, em todos os sentidos.



Embora muitos achem o Julio Severo um paranóico, suas projeções a respeito do homossexualismo estão se cumprindo.



Continuo achando estranho por que a perseguição e violência aos cristãos no Oriente é tão pouco divulgada enquanto aqui basta mencionar algo contra o espiritismo ou associar homossexualismo ao pecado para ser processado.



Acho que só uma grande crise poderia purificar e libertar a igreja desta infame e ordinária teologia da prosperidade...e ela virá; quem viver verá...e chorará. Depois se regozijará em depender da provisão diária, "o pão nosso de cada dia".



O missionário é a pessoa mais feliz e mais "cabeça" do mundo. Ele não se importa com detalhes e diferenças culturais das pessoas. Ele vê as pessoas como alvo do amor de Deus. É por isso que ele não aguenta ficar muito tempo na congregação. 



Pastor como politico pode acarretar três coisas: O rebanho fica mal assistido ou o povo fica mal servido ou os dois.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Jesus' pantyfans


Bráulia Ribeiro

Já faz algum tempo que briguei com as reuniões de oração evangélicas. Me sento em protesto nauseado que as músicas desfilam um corolário interminável de "Eus" e "Meus". Fiz uma análise textual das "dez mais" da adoração aqui na base das igrejas que visitamos, provando gramaticalmente, semanticamente, sem sombra de dúvidas (penso eu) que o centro gravitacional de todas elas é sempre o EU e nunca Deus, apesar de parecerem tão piedosas. Mostrei (também penso eu) de maneira inequívoca que a divindade adorada por estas canções pseudo-evangélicas não é o Senhor dos Exércitos, mas um deus subserviente cuja única preocupação real é deixar o adorador feliz, realizado, num estado de êxtase orgásmico. Nada mais. Este deus não lhe requer nada, não lhe diz nada, não chama o adorador para fora do seu Eu-narcísico. Não lhe mostra o pobre, a guerra, a dor, o amor no outro. Se contenta em acalentar-lhe o ego e se sente apaziguado quando ouve repetidas vezes elogios pobres à sua capacidade infinita de tornar o adorador indiferente e feliz.

Somos o que cremos, somos o que cantamos também. Se cantamos só a nós, mergulhamos em nada além de nós. Ao invés de seguidores de Jesus hoje somos Jesus' pantyfans, verbete internético não pejorativo que se refere a fãs que jogam calcinhas em palcos. Somos "adoradores" ousados, exagerados, aparentemente por Jesus, mas no fundo em busca do êxtase individual nada mais. Cantamos até atingirmos o nirvana evangélico do nada além de meu budista, gordo e satisfeito.

Trecho de texto de Bráulia Ribeiro, publicado na revista Eclésia n. 137, p. 52-53.

Extraído do Blog da Maya

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Presença e não livramento!


Os anos me ensinaram que um bom processo de aprendizagem envolve não apenas a reflexão, mas também repetição. A mera reflexão sobre algo, não significa o seu aprendizado.  A repetição sem reflexão, apenas  faz-nos máquinas estúpidas de decorar informações. Pois bem, depois de refletir, sugiro que repitamos tanto quanto necessário for, as seguintes afirmações:
  • A fé em Deus e a relação com ele, não é garantia de privilégio contra as vicissitudes da existência. Andar com Deus não é um passaporte para a imunidade de dores e sofrimento. Portanto, quando coisas ruins não esperadas começarem a acontecer, por mais trágicas que sejam, não se pergunte: por que eu?;  levando em consideração que sua fé não faz de você um privilegiado, aprenda a se perguntar: porque não comigo? Vacine-se contra o pensamento escondido no inconsciente, de que sua relação com Deus o coloca debaixo da obrigação de fazer da sua vida um exemplo de paz, saúde, prosperidade e felicidade.
  • É fato! Muitos textos da bíblia parecem nos sugerir que aqueles que nele confiam, não serão abalados, afligidos, tocados. Lembro que Jesus, pelo menos para os cristãos, é a referência a partir da qual toda a escritura deve ser lida. A narrativa de Jesus sobre Deus, nos diz que a promessa do Pai é de estar presente no deserto conosco, não a de evitá-lo. A falsa narrativa vigente, embora com cheiro de bíblia, nos diz: confie em Deus e o sirva e então ele vai abençoar você.  A narrativa de Jesus nos afirma: na vida vocês terão problemas, aflições, dores, desertos, sofrimentos justos e outros estupidamente inexplicáveis, mas confiem em mim, eu estarei com vocês (palavras minhas da palavra Dele). Note-se: a promessa é de companhia, cumplicidade e não de livramento. Portanto, ao sair de casa, não alimente a falsa expectativa de que coisas ruins não vão acontecer com você ou os seus, somente porque você é servo ou serva de Deus. Escore-se sim na verdade libertadora de que mesmo em silêncio, Deus estará presente, não importa o que aconteça.
Repetir isso vai nos ajudar a interiorizar o conceito de Deus que Jesus tinha. Mais: vai nos ajudar a perceber que a grande ligação com o Pai, conforme nos revelou Jesus, deve se dar puramente na base do amor a ele, por mais incompreensíveis e imprevisíveis que venham a ser as circunstâncias dentro das quais a nossa vida aconteça.
Fraterno abraço
Eduardo - Formatio

sábado, 10 de outubro de 2009

Passar por cima das nossas feridas


Muito, para não dizer a maior parte, do nosso sofrimento tem origem na relação com aqueles que nos amam.
Estou constantemente ciente de que a minha agonia profunda provém, não dos terríveis eventos que leio nos jornais ou vejo na televisão, mas da relação com as pessoas com quem partilho a minha vida diária.
São precisamente os homens e mulheres, que me amam e que estão muito perto de mim, os que me ferem. À medida que ficamos mais velhos, geralmente vamos descobrindo que nem sempre fomos bem amados. Com freqüência, os que nos amaram também nos usaram. Os que se interessaram por nós foram, por vezes, também invejosos. Os que nos deram muito, por vezes, exigiram também muito em troca. Os que nos protegeram quiseram também possuir-nos nos momentos críticos.
Habitualmente, sentimos a necessidade de esclarecer como e por que é que estamos feridos; e, com freqüência, chegamos à alarmante descoberta de que o amor que recebemos não foi tão puro e simples como tínhamos julgado.
É importante esclarecer estas coisas, especialmente quando nos sentimos paralisados por medos, preocupacões e anseios obscuros que não compreendemos.
Mas compreender as nossas feridas não basta. Ao fim, temos que encontrar a liberdade para passar por cima das nossas feridas e a coragem para perdoar aos que nos feriram. O verdadeiro perigo está em ficarmos paralisados pela raiva e pelo ressentimento. Então começaremos a viver o complexo do "ferido", queixando-nos sempre de que a vida não é "justa".
Jesus veio livrar-nos destas queixas auto-destrutivas. Ele nos ensina a por de lado as nossas queixas, perdoar os que nos amaram mal, passar por cima da sensação que temos de sermos rejeitados e ganharmos coragem para acreditar que não cairemos no abismo do nada, mas no abraço seguro de Deus cujo amor curará todas as nossas feridas.

Henri Nouwen
 
Fonte: Pavablog

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

David Wilkerson - Um Chamado Para a Angústia

Dica da Maya 

Você Irá Sofrer | John Piper - legendado em português

Fonte: Blog da Maya

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Prefiro ficar perto do leproso

Eu tenho medo de gente muito santa, muito pura, muito sem pecado.
Tenho medo de gente que repara no olho do outro, tentando o tempo todo tirar-lhe a trave, limpar um cisquinho.
Tenho medo de gente que se escandaliza com coisas imbecis, superficiais, exteriores, como se quisesse desviar a atenção de “alguma outra coisa”.
Tenho medo de gente que ora demais, que sonha demais, que ouve Deus falar 30 horas por dia.
Tenho medo dos que não sabem rir, que não ficam com a família, que não sabem se divertir nas horas de folga, que não fazem nada além de buscar ao Senhor e ir nos montes, nas vigílias e nas visitas.
Tenho medo…
Prefiro ficar perto de gente mais comum, mais real, que erra, mas que fala: “errei”.
É melhor ficar na companhia de gente menos caricata, menos maquiada, menos plastificada, menos religiosa.
Jesus também preferiu assim e foi duramente criticado por isso.
Enquanto Ele poderia estar nas casas imponentes do bando que estava doido para lhe fazer uma média ou participar das ricas mesas dos donos da grana, foi para um lugar chamado Cesaréia de Filipo.
Ô lugarzinho de má fama!
Uma corja que não valia nada se reunia ali: prostitutas, ladrões, beberrões, excluídos, rejeitados, marginalizados.
Pelo menos lá ele não precisava ficar escutando a baboseira sensacionalista de gente que queria mostrar o quanto sabia de Deus e da Lei.
Ali Ele podia se revelar Mestre e Senhor porque o coração dos doentes e necessitados é despojado de altivez.
Os que se acham bons demais não tem ouvidos para ouvir porque só desejam falar.
Raça de víboras, hipócritas, fariseus.
No texto de Levítico 13, um homem cujo corpo estivesse completamente coberto de lepra, da cabeça aos pés, seria considerado puro pelo sacerdote:
2-Se a lepra se espalhar na pele toda, cobrindo o corpo todo, desde a cabeça até os pés, o quanto podem ver os olhos do sacerdote,
13-então este o examinará. Se a lepra tiver coberto toda a sua carne, então será declarado limpo…”
Você não acha estranho?
No contexto, quanto mais discretas as manchas, mais imunda a pessoa seria considerada, e até afastada do arraial.
No entanto, pessoas com lepra evidente, em toda a pele, seriam consideradas puras.
[Não entendeu ???????????????????????????????????]
Acontece que uma pessoa com manchas discretas da doença, que estivessem escondidas debaixo da roupa, seria muito mais perigosa porque ninguém a evitaria, e o risco de contaminação seria muitas vezes maior.
Já a pessoa leprosa por inteiro não precisava ser afastada do povo porque ninguém teria coragem de ficar perto. Naturalmente todos a evitariam por saberem que o risco de contágio era enorme.
Por isso eu repito: tenho medo de gente que tem “pouca mancha”, que esconde por debaixo da roupa a lepra e se mistura com o povo, representando, fingindo, ocultando, traindo, conspirando.
Cansei de ver gente assim, cansei!
*que parece, mas não é;
*que profetiza, mas não vem de Deus;
*que ora em línguas que até Deus desconhece;
*que com uma mão me abraça, mas com a outra me apunhala;
*que elogia meu ministério, mas que gostaria é de estar no meu lugar;
*que chora, mas é de raiva;
*que come na minha mesa e depois cospe no prato;
raça de víboras, hipócritas, fariseus.
Prefiro ver de longe a doença, ver bem claras as feridas, me arriscar perto dos bacilos e me expôr aos vírus.
Prefiro abraçar o enfermo de pecados de que estar sentada com o falsificado, o genérico, o dissimulado, o profeta comprado.
Prefiro buscar em Deus coragem suficiente para me sentar perto do leproso porque só assim, quem sabe, verei o milagre.
 
Fonte: PASTORAGENTE Via: POIMENIA
via PAVABLOG

A Plena Satisfação



Por Charles Spurgeon

Não ousamos confiar em nossas próprias obras, nem temos o desejo ou a necessidade de fazê-lo, pois nosso Senhor Jesus nos salvou para sempre.
“Nossa alegria é esta, o testemunho de nossa consciência, que em simplicidade e piedosa sinceridade, não com sabedoria carnal, mas pela graça de Deus, temos nossa conversa no mundo”. O cristão precisa manter uma ininterrupta comunhão com Jesus, o Senhor, para poder ser um bom soldado de Cristo. Quando sua comunhão é interrompida, sua satisfação desaparece. Quando Jesus está dentro de nós, ficamos interiormente satisfeitos, o que não acontece de outro modo. Quando mantemos nossa comunhão com Ele = e esta pode ser dia a dia, mês a mês, ano a ano (e jamais deveria ser desfeita) = neste caso nossa satisfação vai prosseguir com a alma sentindo-se plena da bênção, que somente Deus pode outorgar. Se pelo Espírito Santo podemos ser abundantes em labor e ter paciência no sofrimento - se, numa palavra nos resignamos totalmente a Deus, encontramos a plenitude de Sua graça colocada em nós.
Um inimigo comparou alguns de nós com vasos quebrados e devemos aceitar humildemente esta descrição. Achamos difícil reter as coisas boas - elas escoam dos nossos jarros rachados. Mas, vou dizer como vasos quebrados podem ser conservados e continuar totalmente cheios. Pois, mesmo estando rachados e quebrados, quando habitamos no amor de Cristo, estaremos cheios de sua plenitude. Esta experiência é possível!
Devemos ser imersos no mais profundo mar da Divindade, a fim de nos perdermos em sua imensidão. Em seguida, ficaremos cheios, até o transbordamento, conforme diz o salmista: “O meu cálice transborda”. O homem que anda nos caminhos de Deus, descansando obediente e totalmente em Cristo, buscando todos os Seus suprimentos, com uma eterna e grande profundidade - esse homem fica cheio de tudo que escolhe para si mesmo! Ele ficará cheio daquelas coisas que são sua delícia e desejo diários.
Ora, o crente fiel pode ficar cheio, pois ele tem a eternidade para enchê-lo. O Senhor nos tem amado com amor eterno, por toda a eternidade. “Os montes passarão, os morros serão removidos, mas a minha aliança não te abandonará”. Na eternidade vindoura ele tem o infinito, sim o infinito, pois o Pai é o seu Pai, o Filho é o seu Salvador e o Espírito de Deus habita dentro dele. a Trindade pode plenificar o coração do homem. O crente tem a Onipotência a enchê-lo, pois todo poder foi dado a Cristo e deste poder Cristo nos dará, conforme necessitarmos. Vivendo em Cristo e dEle dependendo no dia a dia, Amado, teremos paz com Deus, a paz que excede todo entendimento. Que possamos gozar esta paz e magnificar, para sempre, o nome de nosso Senhor, Amém

FONTE: trecho final do sermão How a Man's Conduct Comes Home to Him
Tradução: Mary Schultze
Fonte: Projeto Charles Spurgeon