segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

A Igreja Imergente (1)


A igreja não tem defesa.
Ela é de forma multiplicada o que cada um é individualmente: miseravelmente pecadora.
Embora no Antigo Testamento, o livro de Oséias se refira à Israel e não à Igreja, mas com a mesma natureza perversa, ela pode ser comparada à uma prostituta em que o marido anda contantemente a buscá-la no prostíbulo.
Ela vive se corrompendo e traindo o seu Senhor, que sempre na sua amorosa e sacrificial paciência, a tira das enrascadas. Ele, de forma louca e radical, se entregou à morte para salvá-la espiritualmente e agora, noutra manifestação de sua misericórdia, irá salvá-la dela mesma, através do arrebatamento, a fim de que ela não se auto-destrua pelo excesso de corrupção.
Não é preciso ser muito observador para perceber que a Igreja Instituição está irremediavelmente corrompida. Quem pensa que a situação chegou a um limite insuportável ainda ignora que, segundo as Escrituras, a situação da Igreja Instituição vai piorar. Ela ainda se aliará ao poder político e econômico estatal e, por amor a este mundo, adotará os princípios humanistas vigentes, desencadeando o que a bíblia chama de "A Apostasia". 
Em razão de tudo isso muita gente inteligente e que ama ao Senhor têm abandonado as suas congregações formando um contingente não organizado e isolados uns dos outros, com raras exceções, denominado, não sei por quem, de "os dissidentes sem igreja (instituição)". 
Frustrados e cansados de ver os desmandos do sistema eclesiático, a atitude destes irmãos é bastante compreensível e não cabe a eles julgamento; mas examinando as Escrituras e a história da Igreja, não parece ser esta a decisão mais acertada, mesmo diante deste estado de coisas.
Apesar de toda religiosidade e mediocridade das reuniões da Igreja Instituição Imergente, que vai de mal a pior, estes irmãos privam a si mesmos e aos outros de uma das características principais da igreja, que é a "comunhão dos santos". Comunhão esta composta das variedades e diversidade de caracteres, temperamentos, pensamentos e níveis de espiritualidade e não somente daqueles que mais nos agradam ou compartilham modos de pensar.
Estes irmãos também deixam de contribuir com  o discipulado e a edificação de outros irmãos mais novos e inexperientes, transmitindo e ensinando aquilo que aprenderam, mesmo alegando que encontrarão oposição, dificuldades e trabalho não reconhecido. 
Estes irmãos também deixam de ser uma voz questionadora e pensadora na congregação, entregando-a à mercê de líderes medíocres e/ou inescrupulosos, mesmo alegando oposição e incompreensão da liderança. Já viu profeta de casa ter honra? 
Olhando para a história vê-se que a denúncia do pecado da igreja só teve eficácia quando partiu de dentro dela; quando vem de fora encontra rejeição unida. Só tem direito à crítica que  está dentro, sofrendo junto. 
Lutero, o homem que conseguiu fazer uma revolução e uma mudança significativa na igreja, não foi um dissidente; foi um excluído, mas aí é outra história. Ele lutou, questionou, discordou de dentro dela e por ela. Segundo suas próprias palavras, jamais tencionou abandoná-la. 
Quando a crítica à Igreja Instituição Imergente, que vai de mal a pior, parte da dissidência, ela é vista e recebida como oposição aliada ao mundo e que contribui mais para a sua depreciação do que para a sua purificação. 
Desistir, fugir, abandonar não requer muita espiritualidade; esta é uma atitude bem natural. 
Além do mais, o Senhor Jesus Cristo continua se manifestando e fazendo a Sua obra através do Seu Corpo, que é constituido também e principalmente pela Igreja Institução Imergente, que vai de mal a pior. 
Apesar da religiosidade e mediocridade das reuniões da Igreja Instituição Imergente, que vai de mal a pior, é ali, e não entre os dissidentes, que a maioria das pessoas que ainda não conhecem o Salvador, ouvem, mal ou bem, de forma clara ou distorcida, a respeito da pessoa e da obra do Senhor Jesus Cristo. (excluindo a Record, lógico; aí também não, né?). 
É na comunidade da Igreja Instituição Imergente, que vai de mal a pior, que casamentos e familias encontram, mal ou bem, restauração e terapia através de relacionamentos empáticos, mesmo que seja recheado de clichês e pieguice. 
É no âmbito da Igreja Instituição Imergente, que vai de mal a pior, que se faz, há muitos anos e não divulgado pela mídia, de forma proselitista ou não, verdadeira assistência social neste país e não através de pseudo programas placebo e eleitoreiros governamentais. 
É a Igreja Instituição Imergente evangélica, que vai de mal a pior, que ainda faz recuperação de quimio-dependentes com algum índice positivo considerável neste país e no mundo; sendo combatida pelo modelo psico-social humanista do governo, acusando-nos de imposição religiosa, apesar dos índices ridículos dos modelos de programa governamentais. 
É a Igreja Instituição Imergente, que vai de mal a pior, que ainda mantém a níveis suportáveis, através da pregação de valores bíblicos absolutos (que muitos consideram preconceituosos), consequências destrutivas da depravação moral. 
É a Igreja Instituição Imergente, que vai de mal a pior, que ainda, mal ou bem, promove, treina, envia e sustenta, de forma proselitista ou não, a força missionária mundial. 
Essa análise é superficial e a grosso modo e há muita coisa a se refletir e dizer. O que me entristece é que as cabeças pensantes pensaram em agradar a si mesmos, entregaram a igreja aos lobos e deixaram seus lugares e posições de ação e foram para suas cavernas a filosofar, deixando-nos, muitas vezes, num ministério de Urias. 
Apesar de parecer, essa não é uma tentativa de defender a Igreja Instituição Imergente, que vai de mal a pior. 
Ela não tem defesa e nem esperança nela mesma. Sua única esperança é a intervenção arrebatadora do Senhor Jesus Cristo. 
Este barco chamado Igreja Instituição, que vai de mal a pior, está destinado a afundar. 
Mas eu não sou idiota; não vou afundar com ele. 
Mas uma coisa sei: só pulo dele quando não houver mais dois ou três reunidos para o Senhor estar no meio.

Pr Julio Soder

9 comentários:

Anônimo disse...

Pastor, parabéns pelo texto. Temos que entender que os erros do grupo são apenas a repetição e/ou maximização dos erros individuais. O sistema, o grupo em si, como sempre, nada é sem as pessoas.

Priscila Coelho Ribeiro Rodrigues disse...

Ah Pastor Júlio, concordo plenamento com seu texto mas vou lhe confessar qeu é tão difícil não querer sair dela. Faço parte de uma igreja no Rio e boa parte, na verdade uma considerável parte dos membros, pessoas íntegras, que sempre trabalharam em favor do reino, estão decepcionadas e feridas com situações que de minha parte sinceramente nunca achei que fosse passar. Nesse momento, temos nos reunido em casa, visitamos outras congregações e denomicações mas ainda nenhuma dessas visitas nos trouxe tranquilidade. Espero que consigamos encontrar o caminho.

Anônimo disse...

Priscila,
Eu sei que não é fácil.
Muitas vezes eu quero chutar o balde, largar tudo. Vejo um povo que até ouve, gosta da palavra mas não muda de vida...me deprimo.
Quando penso em sair, lembro-me que os meus direitos foram cedidos ao Senhor no dia da minha conversão. Não tenho mais o direito de pensar na minha satisfação. Imagino-o angustiado naquela quinta-feira no jardim, querendo também desviar-se do cálice, e em tudo que Ele teve que aguentar por minha causa e não desistiu.
Quem sabe, no final, eu possa ouvir dEle: "Bem está, servo fiel...foste fiel no pouco...entra no gozo do teu Senhor".
Hoje nem olho os acontecimentos daqui...vivo na esperança do que há de vir.
Se como pastor, terei que dar conta daqueles que eles me confiou, tenho certeza de que nenhum deles foi enganado.

Ivan Filipe disse...

Esse eu até copiei pro meu blog tb. hehehe

Unknown disse...

Concordo pelnamente, com o que fala. Apesar de tudo ainda é um rewfugio. Tambem só pulo fora quando nao houver mais ninguém.

Unknown disse...

Achei interesante como foi passada a visão sobre à Igreja Instituição(que vai de mal a pior), se eu fosse completar o texto falaria sobre as consequências que acontecem referente a tanta depravação e distorção da palavra de Deus.A minha tristeza é quando vejo que por tais motivos a pregação muitas vezes se torna ineficaz, e ninguém percebe que pregamos uma verdade que as pessoas não gostam de ouvir,por culpa de muitos que vivem um evangelho segundo seus interesses.Hoje procuro lucidez em Deus, e posso dizes que:"Sou critão,apesar da igreja"

Anônimo disse...

Muito boa reflexão, todavia quanto à dizer que é no âmbito da igreja institucionalizada e imergente é que "se faz VERDADEIRA assistência social.???
achei muito otimismo,quisá ingenuidade de sua parte.O que tenho visto nos meus 17 anos de evangelho é uma liderança AVARENTA(apego sórdido ao dinheiro),megalomaníaca,vaidosa que gasta um dinheirão (oriundo de seus membros maioria pobres)com programas televisivos de 5 minutos que não servem para nada,a não ser sustentar a ilusão e vaidade de que quem os faz. Gente ávida por influenciar, mas que não influencia em nada. A verdadeira assistência social, só existe como muito raríssimas exceções,não como regra,e eu mesmo nunca a ví pessoamente em meus 17 anos de cristianismo institucionalizado, somente esmolas,cestas básicas de 30 reais,roupas usadas, etc.Todavia já a ví em comunidades cristãs anti-denominacionais, onde ví um membro ganhar um carro do pastor(doação do patrimônio pessoal).E o pastor nem era rico. Enfim, depravação total, como diriam os reformados.
É o que penso, graça e paz.

Unknown disse...

Acertadamente o quê vai de mal a pior é o homem, mas o novo homem, importa ser nova criatura, com seus legítimos pares são os que formam o trigo do Seu Senhor. São o meio, não o caminho, pelo qual a si mesmo se alimetam, promovendo o seu prórpio crescimento através do Pão vivo que caíu do céu. Ora, vem Senhor Jesus.

Andrea disse...

Comunhão é só num prédio com uma placa dizendo "igreja" na frente?

Não!

Discipulado e edificação é só num prédio com uma placa na frente, dizendo "igreja"?

Não!

Igreja são as pessoas, e não uma instituição. Logo, tem-se comunhão com pessoas, discipulam-se e se é discipulado por pessoas, edificam-se e se é edificado por meio de pessoas. A ausência de uma instituição não impede nem a comunhão, nem o discipulado, nem a edificação.

Por quê não procurar outras alternativas mais baratas e mais espontâneas de comunhão, discipulado e edificação? Por quê não fugir da hipocrisia, do amor fingido, dos chavões, das frases de efeito e dos líderes interesseiros que pregam outro evangelho que não é o de Cristo, mas o da sua própria prosperidade?

Somos menos igreja por não fazer parte de uma instituição? Não.