Existem dois mundos, um contra o outro, dominados por duas vontades, a do homem e a de Deus, respectivamente. O velho mundo da natureza decaída é o mundo da vontade humana. Ali o homem é rei e sua vontade decide os eventos. Ele fixa os valores: o que deve ser estimado, o que desprezado e o que rejeitado. Sua vontade impregna todas as coisas: "Eu determinei", "Eu decidi", "Eu decretei", "Cumpra-se". Ouvem- se estas palavras continuamente brotando dos lábios dos homens pequeninos. Não sabem, ou se negam a considerar, que eles são para um dia, logo passarão e já não serão mais.
Todavia, em seu orgulho os homens afirmam a sua vontade e reivindicam a propriedade da terra.
Deus é admitido somente pela tolerância do homem. Deus é tratado como uma realeza visitante num país democrático. Toda gente leva nos lábios o Seu nome e (especialmente em certos períodos) Ele é festejado, celebrado e louvado. Mas, por trás de toda essa adulação, os homens se agarram firmemente ao seu direito de autodeterminação. Enquanto se permite a um homem que banque o hospedeiro, ele honrará a Deus com sua atenção, mas Ele deverá permanecer como hóspede, sem nunca procurar ser Senhor. A Deus não se permite decidir nada. O homem se inclina diante dEle e enquanto se inclina, manobra com dificuldade para esconder a coroa que tem sobre a própria cabeça.
Contudo, quando entramos no Reino de Deus vemo-nos noutra espécie de mundo.
Quão deleitáveis são os caminhos de Deus e as maneiras pelas quais a Sua vontade percorre! Não por força nem por poder, nem tampouco por capacidade inata nem por instrução recebida os homens são feito apóstolos, mas pela vocação eficaz de Deus. Assim é com todos os ofícios da igreja. Permite-se aos homens que reconheçam a vocação e que façam pública e agradecida confissão disso diante da igreja reunida, mas nunca lhes permite fazer a escolha. Mas onde os caminhos de Deus e dos homens se misturam e se fundem, há continuamente confusão e fracasso. Bons homens que, todavia, não foram chamados por Deus, podem, e frequentemente o fazem, tomar sobre si a sagrada obra do ministério. Como é triste a visão e como são trágicas as consequências, pois os caminhos do homem e os caminhos de Deus são contrários uns aos outros para sempre.
Será esta uma das razões que está por trás da nossa presente condição de fraqueza espiritual? Como pode a carne servir ao Espírito? Como é que vão servir ao novo segundo os caminhos do antigo! Disto provém o excessivo desenvolvimento dos péssimos métodos que caracterizam as igrejas dos nossos dias. Os ousados e auto afirmativos avançam e os fracos vão atrás sem lhes pedir provas do seu direito de dirigir. A vocação divina é ignorada, e a esterilidade e a confusão são o resultado.
É tempo de voltarmos a buscar a direção do Espírito Santo. O senhorio exercido pelo homem nos tem custado caro demais. A intrusa vontade do homem introduziu tal multiplicidade de métodos não espirituais e de atividades antibíblicas que categoricamente ameaçam a vida da igreja. Eles desviam milhões de dólares da verdadeira obra de Deus e desperdiçam horas de trabalho dos obreiros cristãos em tão grande número que chegam a ser constrangedores.
Os homens que se negam a cultuar o Deus verdadeiro agora prestam culto a si próprios com enternecida devoção. O retorno à sanidade espiritual espera o arrependimento e a verdadeira humildade. Permita Deus que logo voltemos a saber quão pequenos e quão pecadores somos.
A. W. Tozer - adaptado de um texto escrito há mais de 50 anos. Será atual?
2 comentários:
"Por onde forem, preguem esta mensagem: o Reino dos Céus está próximo. Curem os enfermos, ressuscitem os mortos, purifiquem os leprosos, expulsem os demônios.VOCÊS RECEBERMA DE GRAÇA, DÊEM TAMBÉM DE GRAÇA." (Mt 10:7,8)
Se somos filhos de Deus, o somos pela graça, a qual vai além da definição teológica palpérrima que diz ser um favor imerecido. Vejo-a (no momento) como o "mana", que diariamente recai sobre mim, sem que eu pague nada por isso, fique endividado por ela junto aos céus, ou seja por merecimento. Se assim Deus me trata, sendo um pobre pecado, apenas que aceitou o amor de Deus, como será que devo tratar o meu próximo? Vou deixa-lo mais individado do que o diabo já o deixou? Vou arrancar dele aquilo que o resto que que o pecado não consumiu? Vou enganar a sua fé? Vou roubar a sua salvação que é Cristo? Vou deixar ele pior do que estava antes de vir para a "igreja"? Vou fazer dele um escrava do "evangelho próspero"? O que é dízimo? O que é oferta? o que é roubo?
Quanto a mim, tenho um dever, vigiar constante mente o meu coração, para que eu também não mescle o Deus com mamom. Ou melhor, fique cego espiritualmente e passe a servir mamom pensando estar servindo a Deus."Mas esmurro o meu corpo é faço dele meu escravo, para que, depois de ter pregado aos outros, eu mesmo não venha ser reprovado." I Co 9:27.
Cleiton Melgarejo
Cleiton,
Com certeza a graça é tão ampla que nós não podemos processar isso na nossa mente pequena.
Até a fé que temos nos foi dada. Se toda a honra e glória é de Deus, nós não temos mérito nem em crer.
Grato pela clareza do seu comentário.
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