Querer atribuir a Deus algo que Ele mesmo não se tenha atribuido seria presunção. Tem tanta gente querendo colocar tanta coisa na boca de Deus que eu já ando "vacinado". Como pastor, acostumado a ver gente querendo justificar as suas decisões, ouço tantos "Deus me falou" e "Deus me disse" que antigamente eu rapidamente vasculhava mentalmente a Bíblia para saber se pelo menos a afirmação combinava com o caráter de Deus. Hoje, não sei se pela força do hábito ou pela leitura bíblica e sem precisar de muito discernimento espiritual, dá para perceber que a grande maioria das afirmações combinam mais com o caráter do profeta.
Ao ouvir esta semana a afirmação que compõe o título deste artigo, achei que seria interessante examiná-la biblicamente, sem atentar muito para a paráfrase histórica.
Não sou um mestre (dom), não consultei ninguém, apenas apelei para um instinto bereano (que muitos chamam de fundamentalismo) que é muito útil em meio a tantas bizarrices do meio cristão. Sei também da facilidade que a natureza humana tem de analisar as coisas com a sua mente carnal a fim de atender a seus interesses. É o que se tem visto sendo pregado descaradamente em muitos púlpitos.
Também não proponho nenhum tratado sobre o assunto, nem sequer uma idéia consistente e final, pelo contrário, esta é uma semente de idéia que lancei entre os jovens da minha igreja no sábado à noite, e que espero que nasça e cresça no compartilhamento entre eles e todos que acessam e acessarão esse blog. A ordem é não reter, ponha tudo na mesa, o aprendizado e a ministração são comunitários.
Algumas considerações que apresentei aos jovens, coloco-as aqui:
- No maior e mais claro anúncio de Deus referindo-se a uma nova aliança traz acoplada a universalidade do conhecimento de Deus - "Todos me conhecerão" - Jr 31.31-34.
Isto exclui a existência de intermediários oficiais, detentores exclusivos do conhecimento, como sumo-sacerdotes e escribas - (sacerdócio universal - o maior expoente da igreja reformada). Quando Jesus chegou, encontrou uma classe detentora e monopolizadora do conhecimento, e que manipulava o povo com o intuito de manter-se em suas cômodas posições sociais (e financeiras) ensinando apenas o que lhe era conveniente. Jesus abriu o site todo e mostrou o provedor. A "casa caiu". Resolveram matá-lo.
- A socialização ou democratização do conhecimento. No período apostólico, com a presença do Espírito Santo dando acesso ilimitado ao Pai, em alta velocidade, obras aconteciam em vários lugares ao mesmo tempo e tudo era compartilhado, gratuitamente, desde cartas apostólicas lidas em todas as igrejas e chegadas até nós hoje, bem como de todas as coisas. Ausência de egoísmo, de avareza, de domínio, de monopólio. Quem tentou comprar o know how para dominar se deu mal (Simão, o mago, que o diga). At 2:42-47 e 4:32-35 - Foi o período mais lindo, intenso e frenético da igreja. Onde o melhor dos dons espirituais e das virtudes cristãs foram manifestadas.
- Com a institucionalização da igreja, o retorno ao monopólio acabou acontecendo e se fortalecendo legalmente com a "infalibilidade papal", a interpretação "oficial" e outras aberrações que acompanharam esta mentalidade, levando a igreja a mergulhar num vergonhoso período conhecido como "idade das trevas", tempo das maiores heresias e injustiças cometidos pela igreja.
- A reforma protestante deve tanto a Gutemberg quanto a Lutero. Lutero tinha a informação e Gutemberg o provedor. A imprensa era a internet da época; entendimento que resultou na brilhante paráfrase feita por Pavarini no programa Hora Brasil de semana passada, título deste artigo.
- A igreja deveria ser uma zona de contínua reforma pois novamente alguns líderes estão querendo se assenhorar da igreja, aproveitando-se de suas posições de comunicadores e de sua autoridade eclesiástica e disseminando conceitos e teologias questionáveis a fim de se perpetuarem no poder e na riqueza. A doutrina da prosperidade só cabe na cabeça de quem não tem conhecimento bíblico ou que se deixa persuadir pelo seu (ídolo) líder, o "ungido de Deus", o que nos remete de volta à "infalibilidade papal". Mas a internet está aí; a voz que pode questionar e se fazer ouvir. Só isto já me leva, como líder, a crescer e me aperfeiçoar para atender as necessidades e demandas de um povo que fui chamado a cuidar com qualidade.
- Deus também disse a Daniel, que no fim dos tempos (que creio estar dentro, sem profetada de data), "o saber se multiplicará"- Dn 12:4. Receber de uma fonte direcionada é como tomar banho de chuveiro; receber de todo o Corpo é como mergulhar num rio. Deus já havia dado a dica há milhares de anos. O mundo só esta descobrindo agora, e antes que a gente. E ele ainda nem vai usufruir satisfatoriamente. Seu tempo é curto e, sem Deus, o proveito, por mais que seja o mundo inteiro, é inferior a uma alma.
- Tenho outras coisas a acrescentar, que poderão ser talvez descartadas, quando ouvir o que os outros tem para compartilhar. Creio ser este um post comunitário.
A semente foi lançada. Quem quer regar?
Pr Julio Soder,...
2 comentários:
Por causa da minha correria, ainda não tinha conseguido vir aqui e ler com calma. Mas é isso mesmo.
Há um grande paralelo entre o cristianismo de então com o possível de hoje - a que tenho chamado de Cristianismo Código Aberto.
E só a força do Corpo - no sentido genuíno e dependente e dirigido pelo Espirito Santo, é que vai nos trazer uma mudança nunca antes vista nem vivida.
Amém!
Cristianismo Código Aberto - Essa ´foi otoma, vou usar.
Essa comparação da invenção da imprensa com a internet tb foi fina demais.
Realmente o culto de sabado (mensionado no texto) foi um momento de passar uma idéia pra essa geração evoluir em conhecimento.
Deus seja conosco.
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